Ânimo Ondulante





















Estou a centenas de quilômetros do ladeirão do Museu do Ipiranga, das inquietantes figuras rupestres das cavernas de Sete Lagoas, da fronteira episteme do rio Paraná, e a poucos mil do imprevisível rio Acre. Estou no Rio de Janeiro. É aqui que eu moro... que eu nasço. Na cidade onde o mar azul não é mais tão azul. Mas eu também já não sou. Contudo ainda posso, pelo puro luxo, exercitar a minha memória à beira do mar... Pensar sobre os mares que existiram, e quais atravessei.

Os movimentos rebrilhantes do mar atravessam meu córtex como raios, lampejam suas colagens do tempo. Aqueles reflexos projetam em meu corpo as cores e as formas do golfo revolto e vermelho das tele guerras, da verde esperança das regatas, do azul celestial do passeio na praia ou do preto mortal da poluição. Porém é o mar nesse ânimo ondulante que veste a vida de ritmo, me faz entender o pulso das relações, enquanto exibe a sua natureza de dar limite às distâncias.
¬ lpz

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