Memória Fotográfica 4 - 'O Sonho do Chefe Guerreiro'

“Os homens do governo, presidentes, ministros, legisladores, têm e dão ao povo a impressão de governar, mas quem na realidade governa é a burocracia. 

Que é a burocracia?

Havemos que filosofar um bocado para conseguir visão com perspectiva.

O 'governo' ou 'estado' nasceu do interesse do chefe guerreiro em dominar as massas humanas. Para exercitar o seu poder, o chefe delegava funções a capangas, executantes, prepostos, etc., e diluía neles a força concentrada em si.

Com o evolver das coisas a figura do 'chefe' foi passando da forma inicial de 'dono' ou 'senhor' para a “representante” das massas ou do povo. Surge a abstração “estado”. Nada mais é feito em nome do “chefe, dono e senhor; sim, do 'estado' ”.

[Monteiro Lobato, em 'Prefácios e Entrevistas', de 1955]
[fotomontagem. lpz]

Memória Fotográfica 3 - 'Mundo Invisível'

"Nas salas da Belle Époque era obrigatória esta figura ornamental: — a escarradeira de louça, com flores desenhadas em relevo (e pétalas coloridas).

O curioso é que a ficção brasileira da época não tenha notado o detalhe. Não há, em todo o Machado, uma vaga e escassa referência, e repito: — a escarradeira não existia para o autor, para os personagens, nem para o décor dos ambientes."

[Nelson Rodrigues, em 'O Óbvio Ululante']

Memória Fotográfica 2 - 'A Narrativa do Conhecimento'



Suando, frio.

O conhecimento é uma narrativa ancestral.
Os primórdios foram registrados por todo tipo de memória.
Compilo e me reconforto com os fatos à moda da estética
que minha condição humana permite perceber.

[lpz]
[foto. lpz]

Memória Fotográfica 1 - 'MisciGena'

"Surgimos da confluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor português com índios silvícolas e campineiros e com negros africanos, uns e outros aliciados como escravos.

Nessa confluência, que se dá sob a regência dos portugueses, matrizes raciais díspares, tradições culturais distintas, formações sociais defasadas se enfrentam e se fundem para dar lugar a um povo novo (Ribeiro 1970), num novo modelo de estruturação societária. Novo porque surge como uma etnia nacional, diferenciada culturalmente de suas matrizes formadoras, fortemente mestiçada, dinamizada por uma cultura sincrética e singularizada pela redefinição de traços culturais delas oriundos. Também novo porque se vê a si mesmo e é visto como uma gente nova, um novo gênero humano diferente de quantos existam."

[Darcy Ribeiro
em 'O Povo Brasileiro' - 1995,
fotomontagem.lpz]