Moeda Corrente ³

Moeda corrente.
Moeda? Corrente?
Moeda. Corrente.

[lpz]

Cativa ³

Perspectiva cativa...
Perspectiva... cativa?
Perspectiva? Cativa.

[lpz]

Nexo ³

Nexo!
Nexo.
Nexo?

[lpz]

Cripto

Talvez, escrever seja uma bobagem.

[lpz]

Solitude Movente

É importante viajar.
Conhecer outras pessoas, coisas e lugares.
Ser só, de outro jeito.

[lpz]

Mundos

Presenciei a morte de muitos mundos. Nascimentos são mais raros.

[lpz]

Definição do Amor

'Mandai-me Senhores, hoje
que em breves rasgos descreva
do Amor a ilustre prosápia,
e de Cupido as proezas.

Dizem que de clara escuma,
dizem que do mar nascera,
que pegam debaixo d’água
as armas que o amor carrega.

O arco talvez de pipa,
a seta talvez esteira,
despido como um maroto,
cego como uma toupeira

E isto é o Amor? É um corno.
Isto é o Cupido? Má peça.
Aconselho que não comprem
Ainda que lhe achem venda

O amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias

Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa é besta.'

[Gregório de Matos]

***

Esses versos marcaram minha existência quando fiz a cena de 'Gregório Voz e Guerra' na Escola de Teatro Martins Pena, em 1995, em que 'Maria Berco' declama 'Definição do Amor', de Gregório de Matos para 'Gregório de Matos'.

Na foto de Flávia Barros, Alexandra Moraes, como Maria Berco, e Luciano Pozino, como Gregório de Matos, o Boca do Inferno

A Um Carneiro Morto


'Misericordiosíssimo carneiro
Esquartejado, a maldição de Pio
Décimo caia em teu algoz sombrio
E em todo aquele que for seu herdeiro!

Maldito seja o mercador vadio
Que te vender as carnes por dinheiro,
Pois, tua lã aquece o mundo inteiro
E guarda as carnes dos que estão com frio!

Quando a faca rangeu no teu pescoço,
Ao monstro que espremeu teu sangue grosso
Teus olhos - fontes de perdão - perdoaram!

Oh! tu que no Perdão eu simbolizo,
Se fosses Deus, no Dia de Juízo,
Talvez perdoasses os que te mataram!'

[Augusto dos Anjos, no livro 'Eu e Outras Poesias', 1912]

O Limite da Criatividade


O limite para a criatividade pode ser:
o esgotamento do corpo,
da mente
ou do prazo.
¬ lpz

O Cronógrafo






















Penso no ser humano como um designer do seu espaço de temporalidade. Um prisioneiro de sua obra. Ser encapsulado que constitui sua memória à maneira de um cronógrafo. Não de um relógio... é diferente. Há o processo. O humano tem sua percepção sobre a temporalidade atrelada a escrever e descrever o espaço do tempo. Sua memória registra por meio das sensações e dos sentimentos. Edita pelo esquecimento.

É distinto do relógio... que somente certifica, alerta para a convenção de uma mesma chance renovada. Notifica sobre os graus do instituto do tempo, demarca o acordo de uma contagem. Pois, seus ponteiros e dígitos destinam-se a chamar os sentidos e a razão ao encontro com a ideia de que podemos retomar a narrativa ou a argumentação. Perpetua o recalque evocando a repetição simbólica dos números. Induz a mente a reproduzir.
¬ lpz