Os Xamãs do Povo

O povo acordou?

Quem diz isso tem memória curtíssima. O povo está acordado, mas o Gulliver estava amarrado ao chão da ilha. Acreditavam os pequeninos que o diálogo do gigante era resultado da contenção pelas amarras.

Porém, inúmeros movimentos acontecem no Brasil, e faz tempo. Movimentos legítimos que a grande mídia não abraçou e jogou contra, assim como fez até ontem com este que se configura. Compreenda que o Brasil é imenso, e seu levante gradual é contra este estado de coisas que vem sendo narrado cotidianamente pelo Movimento dos Sem Terra, dos Deficientes, dos Bombeiros, dos Gays, dos Professores, dos Hospitais Universitários, dos Ambientalistas, das Doulas, dos Estudantes, das Barcas Rio-Niterói, dos Índios, dos Afrodescendentes e a da Passagem de Ônibus, por exemplo.

Ledo engano supor que a rede digital não fosse se submeter ao fenômeno linguístico, à produção de liberdades. Que a comunicação entre as diferenças fosse contida permanentemente por artifício. A língua brasileira, esta rede relacional lançada pelos índios, europeus, africanos e asiáticos há séculos, encampada pela normativa da moral através do Estado, é uma produção popular. A comunicação é erguida na diferença, é a mola que impulsiona o gesto, a fala e a expressão. E o Estado, através da grande mídia, busca o controle desta atividade. Entretanto, o projeto do Estado em estabilizar os ânimos pela uniformização desta atividade humana, neste momento, está ruindo. Porque é ação do povo ressignificar.

Então o povo não dorme, é oprimido. É sua pressão contrária que dá base de sustentação às forças opressoras. A partir de agora, as teles evocarão seus xamãs para acalmar o vulcão inquieto e voltar a vesti-lo de paisagem.
¬ lpz

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