As Primeiras Ruas

Gosto muito de profetizar. Profetizo sobre futebol, economia, política... arte..! Isso deve ser mania de quem era adiantado na escola. O sujeito acaba achando que sabe tudo com um ano de antecedência.

Garanto que profetizo de maneira inteiramente racional; é o gosto puro e simples de projetar a cadeia de acontecimentos futuros a partir do contexto atual. Tem gente que ganha dinheiro com isso. Eu não. Sou um amador.

Por isso adoro a rua. Lá posso encontrar elementos para as minhas fantasias sobre um mundo possível. E usar a rua como espelho também tem raiz na minha infância. Eu tinha 7 anos quando comecei a ir e voltar da escola sozinho. Era uma caminhada de cerca de 20 minutos. No primeiro dia parei na portaria do prédio e me senti em frente ao mar. Um moleque e várias ruas! De um bairro para o outro! E sem mapas! Assim, fui!

As ruas por onde eu passava eram cheias de casas pequenas, casas amplas, botecos, rádios sintonizados, famílias jogando conversa fora na calçada, a favela vigilante e algum trânsito traiçoeiro.

Mas o subúrbio do Rio tinha e tem muito mais. No subúrbio fui ao cinema, ao teatro, à escola e aprendi música. Tanto estímulo, e sempre com um ano de antecedência, fez surgirem as minhas habilidades e teorias proféticas ficcionais. É uma ótima opção para conversa entre amigos.
¬ lpz

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